Natália Winck’s Updates
Encontros de Novembro do grupo de estudos Multiletramentos e Multimodalidade na Formação de Professores de Línguas Estrangeiras
No dia 05/11, professora Alessandra comentou que nosso objetivo agora é abrir nossa mente para os possíveis campos de estudo dentro da multimodalidade, então comentou que o objetivo de hoje é analisar uma exposição sobre Anne Frank que visitou este ano, para observamos a questão da multimodalidade.
A professora perguntou sobre o que achamos do texto em seguida e a Liane comentou que o que achou interessante do texto foi a relação que conseguiu fazer com o texto dos últimos encontros, quando falava sobre as múltiplas inteligências, e a Juliana concordou neste ponto e comentou que às vezes é importante procurarmos aguçar mais todos os sentidos dos alunos. Camila Haus comentou então que achou interessante quando o texto mencionou que a inteligência não é fixa.
Clarice Raimundo comentou sobre as múltiplas inteligências que há, sim, inteligências que são predominantes em cada um, mas que isso não impede o desenvolvimento delas ou de outras e, então, explicou um pouco sobre como funciona para ela o processo de estudo (nunca foi de anotar muito, pois é extremamente auditiva). Alessandra comentou que a teoria das múltiplas inteligências nos permite notar a heterogeneidade constitutiva de nossas aulas e saber que ela é boa e que não podemos limitar o aprendizado apenas ao modo que cada um aprende melhor.
Alessandra, então, começou a nos relembrar das críticas a Gardner trazidas pelo texto, como o fato de que o acham pouco “científico”. A Bruna, então, comentou um pouco sobre a experiência dela como estudante e mencionou que devemos incentivar nossos alunos a se descobrirem como estudantes, Liane também contou um pouco de sua experiência como aluna e professora. Uma das críticas a Gardner, relembrou Liane, é que dizem que usava isso para a “rotulação” dos alunos.
Alessandra comentou, então, sobre a nova série da Netflix, Gâmbito da Rainha, e sobre como eles retratam a criatividade da protagonista e explicou que o que ajudou a personagem a desenvolver sua inteligência foi a reflexão e o tempo que tinha disponível. Vanessa relembrou então algumas partes do texto, nas quais é retratada a questão do olhar e comentou que achou muito interessante. Clarice comentou a experiência que uma amiga dela, contadora de histórias, ficou totalmente absorvida na análise das ilustrações de um livro infantil.
Cloé comentou que ficou pensando qual seria a frequência de mudança nos meios de ensino/estudo e Alessandra incentivou a discussão deste comentário e Liane comentou que, segundo ela, exemplificaram, no texto, os “mecanismos de sobrevivência” usados para o assunto na sala de aula, através desta mudança de meios. Camila Haus comentou que a questão do olhar relembrou ela como uma escola de línguas na qual deu aulas, que as salas costumavam ser temáticas com os países que fazem uso da língua a ser aprendida (além de placas com sinais como “english only”), Alessandra comentou como acha isso engraçado e o modo como ocorreu a fluência dos comentários das participantes.
Alessandra comentou como isso fortalece os estereótipos a serem construídos/fortalecidos em sala de aula. Liane comentou sobre uma escola onde deu aulas, na qual, com a mudança de coordenador, foram retiradas das salas de aula de língua todos os aspectos visuais, pois, em teoria, um aluno “deveria aprender línguas como aprenderia qualquer outra disciplina” e a Liane pediu para opinarmos sobre isso, então a Camila perguntou (retoricamente) sobre qual seria a visão desse coordenador sobre as línguas e a Alessandra comentou que, com certeza, não seria da língua como um aprendizado visual.
Alessandra comentou que tanto a exposição quanto o apagamento visual impactam o conhecimento e relembrou o filme O menino que descobriu o vento. Isabella comentou sobre uma escola na qual estudou e que os alunos foram proibidos, em determinado momento, de frequentar a biblioteca e o jardim. Juliana perguntou, então, à Liane como reagiram alunos e professores à decisão do coordenador de mudar as coisa na escola e ela respondeu que ficaram bravos e confusos com isso. Fabiana comentou então sobre a influência desta “virada visual” sobre as relações humanas e Alessandra concordou, esmiuçando um pouco mais a questão.
Liana exemplificou uma questão sobre a plaquinha “english only”, na qual chamaram a atenção de uma professora que fazia uso da placa e ela apenas mudou para outra que dizia “english speaking zone”. Cloé comentou sobre o caso de um professor que era proibido de falar português, para não descobrirem que era brasileiro. Alessandra comentou sobre uma escola na qual os professores eram obrigados até a falarem inglês no intervalo e, como não tinham o conhecimento suficiente da língua para conversarem, elas ficavam em silêncio e professora nos incitou a pergunta “como isso impacta o aprendizado da língua para a criança?”.
Então a Camila comentou sobre alguns memes sobre o aluno tentando pedir para ir ao banheiro na sala de aula e como era impedido de ir por errar o inglês na pergunta e a professora Alessandra comentou sobre alguns outros memes também. Então a professora Alessandra comentou sobre a experiência pela qual passou quando estava procurando escolas bilíngues para a filha dela e sobre como isso mudou a concepção do aprendizado de língua para ela, explicou que, afinal, sua filha é brasileira, e não se arrepende de não a ter matriculado em escolas bilíngues.
Fabielle comentou que a commodity que mais cresceu foi a Educação, pois foi transformada em um produto e comentou sobre a experiência ruim que teve em uma entrevista de emprego para uma escola bilíngue, na qual era exigido dos professores um nível altíssimo na língua, mas a própria entrevistadora não tinha grande domínio sobre a língua. A Liane comentou que muitas escolas apresentam este tipo de problema, mesmo se chamando de escolas bilíngues e Cloé concordou com isso, dando o exemplo do que passou com a filha no Colégio Suíço.
Alessandra comentou que o visual sempre fez parte da humanidade e que não houve, portanto, um “virada visual” no século XXI e Liane comentou que o que mudou foi o foco, o olhar. Camila comentou sobre o que ouviu numa palestra sobre multimodalidade e o fato de que já é muito antiga e presente em nossa história, também que lembrou muito do que diz Limário sobre algumas comunidades indígenas extremamente visuais.
Então passamos, enfim, para a análise da exposição sobre Anne Frank. Liane comentou sobre a experiência que passou quando visitou a casa de Anne Frank em Amsterdam e sobre como a história está “impressa” nas paredes da casa.
A professora explica, então, como foi feita a distribuição visual na exposição e nos perguntou, ao fim, o que achamos da exposição. Fabielle comentou sobre o Museu de Ciências da UFRGS, que também é totalmente interativo. Liane comentou sobre o Museu da Língua Portuguesa. Vanessa comentou que não há como sabermos como aquela informação vai ser percebida e absorvida pelo aluno e às vezes não damos para o aluno processar a informação antes de a explicarmos. Alessandra comentou que a casa da Anne Frank sempre impactou muito sua filha. Fabielle comentou que teve uma experiência semelhante no Museu da Bomba Atômica em Hiroshima, que a impactou muito.
Camila mencionou nos comentários: “no museu do 11 de setembro eu também tive essa experiência intensa... tem muita coisa impactante, e realmente bem multimodal”. Vanessa fez a relação com o texto, quando observa que a cultura é visual e que não há necessidade da palavra escrita para a absorção desse tipo de experiência. Alessandra comentou sobre o Celin e o uso que fazem dos livros e observou que havia muitas outras possibilidades de trabalhos para serem feitos.
Vanessa trouxe um exemplo de um trabalho que fez com seus alunos, no qual deviam selecionar imagens para a música I’m Yours e como foi interessante que as imagens não se repetiram. Alessandra comentou que podemos chegar muito longe tendo em mente que a língua é uma prática social. Juliana trouxe sua experiência com a atividade e concordou com o que foi dito sobre a questão da interpretação das imagens.
Camila Haus comentou nos comentários: “me lembrei de um capítulo do Kres”, “que ele traz justamente desenhos feitos após uma visita a um museu”, “e fala sobre como lá a atenção e o olhar é mais livre e menos controlado (ao contrário da sala de aula tem de certa forma um controle)”. E Fabielle Cruz comentou também: “Concordo com você Camila, é a liberdade de se expressar quando quiserem. Assim como múltiplas inteligências (ou não), cada aluno tem a sua forma de se expressar”.
Começamos o encontro do dia 19/11 falando um pouco sobre o minicurso sobre gamificação dado pela Fabielle Cruz no Webseminário sobre TDIC que está ocorrendo esta semana e ela passou para nós algumas das palavras chaves do assunto: feedback, interatividade, autoavaliação, diálogo, contexto, regras e metas. E então todas se manifestaram um pouco sobre o assunto, sobre a diferença entre jogos educacionais e jogos “normais”, Alessandra e Cloè se manifestaram sobre o fato de esses dois modelos de jogos serem muito diferentes um do outro.
Em seguida, conversamos um pouco sobre como os estudantes têm muito mais facilidade em continuar jogando um jogo, apesar das dificuldades que podem aparecer ao longo da trajetória, enquanto, quando se tratam de conteúdos da escolas, costumam desistir com muita facilidade. Alessandra comentou um pouco sobre a continuidade da pesquisa de Fabielle para seu doutorado e mencionou que já fazem 10 anos que ela estuda o assunto e todas a parabenizaram. Então a Fabielle comentou sobre alguns jogos, como um jogo de guerra, que a discussão da última reunião sobre Anne Frank a relembrou, e um chamado Orwell, que se passa no universo de 1984.
Na continuação da discussão, a professora nos relembrou de duas palavras trazidas pelo texto base do encontro: remixing e design. E então passou para nós um link para analisarmos, tendo em mente esses dois conceitos. Então a Liane comentou que é um pouco difícil de tirar conclusões de obras artísticas e, após uma segunda análise, comentou que na primeira letra, ficou com a impressão de que a cabeça da garota que está acima do “A” foi retirada da imagem da esquerda. Camila comentou um sobre o modo como foi feito o design (ou redesign, como apontou Rayane). Alessandra concordou com o que as meninas disseram e todas começaram a apontar algumas relações entre as imagens e as letras, como “W” e “wedding”, “B” e “brother”, etc. Fabiana comentou que estas imagens passam uma sensação de estranhamento.
Após Alessandra incitar mais o diálogo, Rayane comentou sobre a multiplicidade de interpretações destas imagens. A professora perguntou se isso poderia ser usado em sala de aula e a Liane comentou que seria possível pedir para que os alunos trouxessem imagens para representar as letras do alfabeto e Alessandra se deteve um pouco sobre outras possibilidades (conversas em fórum sobre as possíveis interpretações, por exemplo). Fabielle deu um exemplo de uma atividade que foi feita em um fechamento de sua disciplina e que foi bem semelhante a estas colagens para relacionarem aos conteúdos aprendidos ao longo da disciplina. Cloè mencionou que nossa dificuldade de leitura quanto a esse trabalho é fruto de nossa formação pouco variada.
Alessandra, então, comentou um exemplo da professora Walkyria Monte Mór, quando procurou trabalhar questões políticas em textos na sala de aula e que, dentro das interpretações dos alunos, não houve nenhuma que realmente se focasse nas questões políticas, se detendo todas sobre o romance dos textos. Vanessa comentou que, quando viu as imagens e pensou em ensino de línguas, ela pensou em seus alunos e em como trabalhar isso com eles e disse que este trabalho vai muito além da observação tradicional e que, mesmo que fosse para ser trabalho em Português durante uma aula, poderia ser muito bem aproveitado, Liane comentou um pouco sobre também. Rayane comentou, em seguida, sobre a questão das cores, se tratando do Coronavírus e sendo em preto e branco em sua maioria.
Alessandra trouxe a discussão, então, para o texto base do encontro e Camila comentou que achou muito interessante e que a levou muito a refletir sobre a questão da identidade e que chegou a pensar nos “nicknames” nos jogos e as contas “fake” no Orkut, por exemplo. Alessandra comentou um pouco sobre o assunto com todas e perguntou à Fabielle sobre isso nos jogos e ela comentou o que leu em um texto em suas pesquisas. Liane comentou sobre a questão da autoria trazida pelo texto, sobre o apagamento da diferença entre consumo e produto e a professora comentou que, se pararmos bem para pensar, isso não é nada novo para nós e que o redesign vai ser sempre uma questão de autoria. A professora trouxe a questão: o que seria plágio na linguagem multimodal/visual?